Ato intencional de tentar deter o avanço do oponente no campo de jogo. O tackle é um fundamento utilizado na maioria dos lances da partida, desde os times de especialistas ao ataque - sendo os defensores os mais especializados nesse fundamento. E consiste em envolver o adversário, que tem a posse da bola, com os braços e acertando-o com o ombro conduzí-lo ao chão. Embora pareça fácil conceber a ideia de que tacklear é jogar o oponente no campo, existem técnicas que devem ser respeitadas para que a integridade física dos atletas seja mantida.
A primeira questão a se atentar é o fato de que existe uma área de contato permitida para que o tackle seja aplicado. Chamada de Tackle Box, essa área é compreendida abaixo da linha do pescoço e vai até o joelho, e qualquer contato realizado fora dessa zona é considerado falta. Outra questão importante é, qualquer contato realizado pelo jogador que está tackleando que se inicie pelo helmet é considerado falta. Este equipamento, o capacete, não pode ser utilizado como elemento principal desse fundamento, até mesmo por motivo de segurança. Tackles que são feitos na gola da camisa ou na região onde se localiza o nome do oponente também são considerados falta, bem como a utilização da facemask do adversário como meio de parar a jogada.
Existem técnicas, advindas do Rugby, que foram aprimoradas e são bastante utilizadas para a aplicação desse fundamento na partida, conhecido como Shoulder Tackling - desenvolvido pelo ex-coordenador defensivo do Seattle Seahawks, Dan Quinn. Essa abordagem do fundamento trouxe uma significante redução de lesões e concussões provenientes do tackle. Ter jogadores saudáveis por mais tempo, e evitar lesões durante a temporada é crucial para o desempenho final de uma equipe. Tendo isto, serão abordados as seguintes técnicas do fundamento: o Form Tackle, o Thigh and Drive Tackle e o Thigh and Roll Tackle - que são desempenhadas dentro do Shoulder Tackling.
O primeiro passo para uma boa progressão do fundamento é a conscientização de ter-se uma boa postura para a execução do tackle. A base é essencial para o atleta e necessita que: esteja com os pés na largura dos ombros e peso corporal balanceado entre eles, peito estufado (ombros retraídos) - para aumentar a área de contato, coluna ereta, joelhos flexionados e cotovelos junto ao corpo - em um ângulo de 90º, com as mãos prontas para o combate. A musculatura não deve estar relaxada e sim ativada, pronta para entrar em ação, na expectativa de a qualquer momento ter de realizar um movimento enérgico e vigoroso. É importante que essa postura inicial seja trabalhada desde o primeiro dia de treinamento até as fases mais avançadas para que o atleta automatize essa postura que o ajudará em um melhor desempenho do fundamento.
Outros pontos importantes devem ser destacados antes do tackle em si. O tackleador precisa estar consciente que:
- O pé e o ombro do lado para onde o oponente está correndo com a bola devem estar mais próximos dele;
- É necessário aproximar-se primeiro do adversário antes de atacá-lo;
- Com uma boa posição para efetuar o tackle, a maior força aplicada será a dos próprios quadris;
- Os braços são tão importantes quanto os quadris, ao realizarem a ação de envolver o adversário e apertá-lo com força;
- Os quadris não mentem, o tackleador deve estar sempre com olhar fixado nos quadris do oponente.
A começar pelo Form Tackle, que, se constitui pela realização do tackle de ombro próximo ao peito do ball-carrier (BC), realizando um movimento rápido e firme com os dois braços, como se fosse um duplo gancho, para envolver o corredor com os braços e posteriormente uma ação de forçar o oponente para trás após o contato - exercendo a força debaixo para cima. Durante o movimento a cabeça mantem-se lateralizada e continua na mesma posição do início ao fim da ação. Um Form Tackle bem realizado consiste em quadris fortes e ambos os braços firmes para envolver o adversário. O contato principal é feito com o ombro e peitoral do tackleador.
No Thigh & Drive Tackle, temos um tackle de ombro realizado na coxa do corredor, com o olhar fixo na coxa, envolvendo e forçando-o para trás. Diferente do Form Tackle, o tackleador golpeará o BC em linha reta na direção das coxas. Para uma boa execução é necessário que haja um ótima compressão das pernas para interromper a progressão do corredor. A cabeça também fica lateralizada para o lado contrário ao ombro que está atacando, durante o contato, e se mantém até o fim da ação. O contato principal é feito com o ombro. Exemplo na primeira imagem do post.
E o Thigh & Roll Tackle, que consiste na realização de um tackle nas coxas do corredor sendo que a finalização do movimento é feita com um rolamento para o lado oposto do ombro que atacou. O tackleador ataca o corredor com o ombro, envolve com os braços e peito e faz um rolamento para o lado oposto para finalizar a ação.
Estas técnicas podem ser treinadas com progressão do contato, começando pela aplicação do tackle de joelhos, passando para o início do movimento em pé, seguido de um pequeno deslocamento para o tackle e por último um grande deslocamento até a finalização do movimento. Pode ser iniciado o contato com a utilização de colchões roliços e jogadores sem pads, e após o contato com outro jogador sem pads, até a finalização tendo o contato de dois jogadores com pads e helmet. Sempre mantendo a intensidade do exercício controlada para preservar a integridade física de ambos. E não esquecer do conceito importante, que no shoulder tackling é evitado ao máximo o contato com a cabeça.